0     11:14 AM
Morbus Gravis

E como estará o tempo em São Paulo? Engraçado que, pensando agora, a paulicéia me parece um remix do Daft Punk com o Caetano Veloso com o Jamiroquai com o Pretenders com o Supreme Being of Leisure com o Wilfredo Vargas. Se eu preferia ficar para o BMF? Não mesmo. Tirando os gritinhos da Chrissie Hynde, o resto são todas bandas que deveriam estar aqui a cinco anos atrás.

Entre os espigões da Paulista, uma entrevista e uma oficina que me ocuparão todo o fim de semana. Só me resta a sexta-feira para engolir São Paulo. O que farei é uma incógnita. Gostaria de rever pessoas e conhecer outras. Talvez a Bienal. Ou uma noite suja perdida na cidade. Contatos imediatos pela metralhadora giratória, aguardo sinais de fumaça. De volta na segunda-feira.
0     11:05 PM
Un Rayo de Sol uô-hoho A Mi Corazón uô-hoho

Lucia sonhava na juventude, mas o tempo macilento mostrou a dura realidade a ela. Lucia era a dura realidade. Por causa disso, mesmo quando Lucia amava não imaginava o futuro. Esperava, mas não acreditava. Depois de anos seca como a terra de Bilbao, caiu às mãos de Lucia um livro que falava sobre o insustentável peso do viver. Ele contava a história de Lorenzo e Elena, e Lucia era Elena. Mas Lorenzo era, na ficção, tudo o que Lucia não suportava.

Acontece que ao final Lorenzo se salvava, a leveza o consumia e uma força vital modificava toda sua vida. Embora Lucia não quisesse admitir, ela se apaixonara por Lorenzo, aprendera com ele a olhar de maneira pouco banal o desejo e seus efeitos. Mas aquela era somente uma história. E narrativas chegavam ao fim.

Passou-se muitos sóis e muitas luas no mar do Mediterrâneo. Mas o nome de Lorenzo sempre chamava nos lábios de Lucia. Então um dia ela, que era enfermeira, foi ao simpósio de um famoso médico chamado Julio. Logo que entrou no auditório perdeu o fôlego ao ver um jovem de cabelos tão cacheados e negrinhos quanto um anjo de Botticheli.

O rapaz indagava muito seu interlocutor, e Lucia amava cada sílaba que ele pronunciava. Afinal, a cada questionamento, Lucia era obrigada a cerrar os olhos em sua direção. "Assim eu morro", sussurrou ela por um momento. Então houve luz, e Lucia desceu pela gruta da praia quando ouviu o médico já enfurescido perguntar ao rapaz: "Y como se llama?". "Lorenzo", ele respondeu. E o coração de Lucia estremeceu. E ela compreendeu que, as vezes, quando uma história chega ao final, ela volta para o meio.
0     9:16 PM
Da Série: Diretores da Minha Vida

Hablo sobre todo de conducta humana, pero la naturaleza puede desencadenar el azar: una tormenta me obliga a refugiarme en una choza del campo. Allí hay una pastora guapa, siento el deseo y la violo. De esa violación nace Sócrates. Es hijo mío (no reconocido), pero también de la pastora y de la tormenta. Si en lugar de meterme en la choza me meto en una cueva, encuentro allí un oso que me devora, y Sócrates no nace. Seamos menos fantasiosos: ?por qué estoy aquí tomando una copa y hablando con ustedes?

Yo quería estudar música; si haberia sido finalmente músico, no estaría yo aqui. Estoy aquií porque un día se me ocurrió ir al Vieux Colombier a ver una película de Fritz Lang y me interesó hacer cine. Pero tampoco estaría aquí si el final de la guerra de España me encuentra en Calandra. Sólo me conocerían ustedes por el libro de Sadoul: "Luis Buñuel: malogrado cineasta español, autor de Un Perro Andaluz, La Edad de Oro y Las Huerdes. Fusilado por las fuerzas franquistas cuando se iniciaba su prometedora carrera cinematográfica"

Buñuel
0     7:58 PM
As Pétalas de Cerejeira

Outro ponto de observação. Outra ótica. Outra lógica. Outros meios de conhecimento e controle. As imagens de leveza, em contato com a realidade presente e futura, não dissolvem-se. Possuo os olhos de Perseu.
0     9:42 PM
Tempos Modernos

Moro desde que nasci num apartamento de esquina e, acredito que não seja mistério para ninguém, crianças são seres cruéis e do mal. Principalmente quando têm muito tempo livre para arquitetar peraltices. Então um dia um garoto observou que várias pessoas passavam durante toda a tarde na calçada rente à esquina do prédio, e pensou que seria divertido pregar peças nos pobres passantes.

Ele foi até o armarinho da Dona Áurea e comprou uma cobra de pano. Amarrou uma cordinha nela, colocou uma pedra no outro extremo da calçada e lá escondeu a bichinha. E ficava lá sentado na ponta do bloco, com a cara de cachorro molhado tô-só-observando < piada interna >. Aí quando algum pobre coitado passava ele já com o semblante transformado em Satanás puxava a cordinha e fazia o despreparado transeunte pular três metros, dar um gritinho e fazer aquela cara de idiota típica de quando se toma susto.

Nesse ponto é preciso esclarecer que, por algum motivo que desconheço, todos os casais moradores do prédio (meus pais inclusive) resolveram se reproduzir na mesma época, o que gerou uma verdadeira gangue de uns 30 remelentos de uma vez só. A notícia logo se espalhou e a molecada marcava de se encontrar depois da Sessão da Tarde na ponta do bloco para rir com escárnio de suas vítimas.

O tempo passou, algum sem graça puto com a brincadeira rasgou a cobra para a tristeza de todos e tivemos que pensar em outra diversão para as tardes dos idos anos 80. Acontece que este ser maquiavélico cresceu, tornou-se "metaleiro maldito" e acreditava que qualquer coisa além de Ramones, Iron Maiden e adjacentes era coisa de "massificado da moda". O auge dessa tristeza se materializou quando ele preencheu de músicas do Pantera um lado INTEIRO da minha fita da Tieta. Uma relíquia perdida, veja só.

Mais tarde ele percebeu a estupidez do radicalismo e adquiriu um gosto eclético e muito bom. Mas parece que ele levou isso muito a sério. Hoje em dia o garoto divide os dread-locks num fotolog cheio de comentários de menininhas que falam com onomatopéias bizarras (tipo: huahuahuahuahuahua e kkkk) e erros crassos (como: q fofuu gatinhuuu). Agora, o pior mesmo, é ele se sujeitar a não perder um episódio de Friends e ainda por cima achar engraçado, muito engraçado.
0     7:50 PM
Hardy-Har-Har Mode On

Eu sou uma senhora de 90 anos decrépita e com tosse de cachorro velho porque me meti a fazer danações em noites sujas e do mal este fim de semana. Agora imagine o que será dessa senhora de 90 anos decrépita e com tosse de cachorro velho na FRIACA que está São Paulo sábado que vem, depois de uma semana tendo ataques-da-perequita-louca-ui-ui-ui-mulherzinha-enxaqueca. Oh céus, é o meu fim.
0     10:55 AM
Jacente, Já Sente, Jazigo

"Mas não vou ficar aqui velando um morto". Dito isto, foi viver.

Grata
0     10:29 AM
Existem Horas Que as Paciências Dão Adeus Lá de Cima da Serra Verde

Ô semana da moléstia. Xô xô, agouro.

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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com

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