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Se há um tipo de comercial que gosto são os de perfume. Por isso juro que não entendo esse assanhamento todo em torno de Brad Pitt. Se o lance é o n° 5 e foco no carão, fico com Deneuve. Para além da canastrice do moço quando colocado ao lado de quem destrói na interpretação (taí Fome de Viver que não me deixa mentir), eu realmente acho que pesa muito a direção de Helmut Newton - aquele moço safado. Você fica entre constrangido e fascinado com Catherine te confessando intimidades no escurinho.
O lance é que gosto particularmente de propagandas que envolvem coito interrompido, com menção honrosa à homenagem a Wong Kar Wai. PS: há que se contar o importante fator nariz que tanto me agrada. Repare o perfil aquilino dos moços nesses comerciais todos |
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Sei que chegou a primavera quando, depois das primeiras chuvas, ouço as cigarras e fico feliz. Eu moro numa espécie de castelo como o de Howl, onde abro uma porta e ouço tantos pássaros como numa floresta, destranco a outra e lá vem o som de sinos de uma igreja que nunca vi pelas redondezas. Há também a porta preta, que eu sempre passo na frente mas tenho evitado muito abrir.
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Adelaide está fazendo uma compilação linda de mulheres incríveis que já estavam fazendo coisas fantásticas com essa idade. Eu, né, tou longe de ser lá muito significante no universo das coisas. Mas aos 30 tenho conquistado alguns sonhos e isso é bom
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Há algumas semanas, num aniversário, discutíamos sobre livros. Os melhores livros. Aí alguém disse que gostava particularmente de livros de terror. Citou vários autores etc. Daí me dei conta que, embora gostasse muito desse tipo de filme, fosse meio obssessiva com filmes de zumbis(e eles me divertem, não assustam), nunca tinha lido um único livro de terror. E me recomendaram um em particular. Vários ali já tinham lido e passado muitas noites sem dormir depois. Alguém disse que saía o próprio enxofre do inferno das páginas dele. Daí que já chego na metade e tirando a aparição de uns olhinhos vermelhos que dão um certo frio na espinha tenho achado tudo muito mais ou menos.
Acho que depois de Ruanda fica muito difícil para mim sentir aflição com algo que a imaginação humana pode creditar ao sobrenatural, ao terrível. Ainda tinha pesadelos semanas depois de terminado o livro de Gourevitch. A realidade da vida já é o próprio horror. E é tudo tão absurdo que talvez mesmo a mente mais brilhante seja incapaz de pensar em algo tão ruim. A ficção não dá conta. Explico: hoje passou um programa de tv sobre o tsunami de 2004. Lá pelas tantas o dono de uma pousada dizia que ele só conseguia reconhecer seus funcionários mortos pelo uniforme que usavam, dado o estado dos corpos já no dia seguinte à catástrofe. Na tela, alguém carregava um lençol de onde saía um braço de cor azul petróleo. Mais pra frente a história era de um pai que tentava reconhecer a filha em meio a uma parede só de fotos de corpos. Se isso já não fosse triste o suficiente, alguns segundos depois eu lembrei do cara da pousada quando a outra filha daquele senhor chamava a atenção pro fato de ter reconhecido a irmã numa das fotos por causa da camiseta que ela havia comprado no dia anterior.
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Há dias ouvia obssessivamente essa música enquanto dirigia. E hoje o mocinho me apertou querendo saber se eu ia ou rachava. Rachei. Então entrei no carro e a maldita música lá terminando e... "quero ouvir uma canção de amor. que fale da minha situação. de quem deixou a segurança do seu mundo por amor". E é isso. Por enquanto não dou conta de deixar nada... Mas se ele mandasse blau blau de declaração de amor eu casava na hora
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Deve-se escolher muito bem seus desejos. Eu desejei ser de metal e consegui. Agora sonho com ovelhas, unicórnios, formigas e uma boca que nunca fala. E tive um sonho que dizia para ir ao deserto. Fui. Não encontrei tesouro. Achei que encontraria conforto, que a realidade seria como eu queria que ela fosse. E tem Kirim. Que apareceu e me segue por todo o caminho. Na aridez e solidão do deserto o entendo melhor. O entendo quase que perfeitamente. Kirim ficou tão forte em mim que somos simbióticos. Mas dia desses fui arrebatada por outro antigo desejo. Tenho a impressão de que não sou eu quem os persegue e cativa, mas que eles me engolem |
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Vasculhar coisas do seu antigo quarto de adolescente é como visitar a morada de uma jovem morta. É olhar para aquela potência que poderia ter sido tantas coisas e se tornou apenas... você. Isso não ruim, entenda. Mas está lá também tudo aquilo que absolutamente não lhe diz mais respeito, no qual você não se reconhece. Era uma outra pessoa, enfim, que já não mais existe
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Tenho uma admiração contida por aquelas pessoas que conseguem romper totalmente com o lugar de onde vieram, com a família, o passado. É muito provável que boa parte delas tenham sido tão castigadas que não tem nada a perder, estão apenas se libertanto de um grilhão doloroso. Mas será que é isso mesmo? Será que sou eu que percebo as pequenas manipulações como demonstrações singelas de amor e me agarraria a esse fiapo de esperança? É possível um negrume assim tão puro? O que sei é que não consigo desassociar tal ruptura a uma sensação de maldade com os que ficam |
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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com