Há algumas semanas, num aniversário, discutíamos sobre livros. Os melhores livros. Aí alguém disse que gostava particularmente de livros de terror. Citou vários autores etc. Daí me dei conta que, embora gostasse muito desse tipo de filme, fosse meio obssessiva com filmes de zumbis(e eles me divertem, não assustam), nunca tinha lido um único livro de terror. E me recomendaram um em particular. Vários ali já tinham lido e passado muitas noites sem dormir depois. Alguém disse que saía o próprio enxofre do inferno das páginas dele. Daí que já chego na metade e tirando a aparição de uns olhinhos vermelhos que dão um certo frio na espinha tenho achado tudo muito mais ou menos.
Acho que depois de
Ruanda fica muito difícil para mim sentir aflição com algo que a imaginação humana pode creditar ao sobrenatural, ao terrível. Ainda tinha pesadelos semanas depois de terminado o livro de Gourevitch. A realidade da vida já é o próprio horror. E é tudo tão absurdo que talvez mesmo a mente mais brilhante seja incapaz de pensar em algo tão ruim. A ficção não dá conta. Explico: hoje passou um programa de tv sobre o
tsunami de 2004. Lá pelas tantas o dono de uma pousada dizia que ele só conseguia reconhecer seus funcionários mortos pelo uniforme que usavam, dado o estado d
os corpos já no dia seguinte à catástrofe. Na tela, alguém carregava um lençol de onde saía um braço de cor azul petróleo. Mais pra frente a história era de um pai que tentava reconhecer a filha em meio a uma parede só de fotos de corpos. Se isso já não fosse triste o suficiente, alguns segundos depois eu lembrei do cara da pousada quando a outra filha daquele senhor chamava a atenção pro fato de ter reconhecido a irmã numa das fotos por causa da camiseta que ela havia comprado no dia anterior.