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Alumbramento
Enquanto me dirigia para o carro ontem, um rapaz me pergunta as horas. Enquanto eu respondia, percebi que o rapaz me olhava muito fixamente, de uma maneira quase técnica, com uma fascinante candura. - Algum problema? - Nenhum. Estava reparando as suas pintinhas. Eu gosto de pintinhas. Do seu colo até o rosto são 14 no total. Cheguei em casa e contei: eram 14 pintas visíveis do colo até o rosto. Parafraseando a Juliana: Acontece nos filmes , acontece na vida, acontece na TNT. Só acontece comigo. |
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Céu de Brasília, Traço do Arquiteto
Um cachorro morto e uma miss disputam atenção em frente ao Panteão da Pátria. Ela, com seus sorrisos e maiôs, ele com a sua carne podre e sangue sujo coberto de moscas. A jovem brilhava aos olhos, exalando toda a sua vitalidade e juventude. O cão, morreu na contramão atrapalhando o público e o trânsito, agonizando na sargeta final que cercou toda a sua vida. A bela moça causava suspiros... O cachorro também |
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Dêem um Tiro na Minha Testa
<início do comentário inútil> Mas que desgraça. Foi falar em "já sabe, né?" que lembrei da famigerada musiquinha Já Sei Namorar. Muita cara de tema-de-férias-de-verão ela, né? Embora eu não tenha tido férias, se eu viajar no carnaval vou ouvir até entortar a orelha só de raiva. Eu também tenho direito a ser brega de vez em quando. Agora por favor tirem essa música da minha cabeça. PS: E eu ainda encontrei (pasmem!) a Tatá super bem, feliz e contente, mas mesmo assim fiz a minha parte, pois não está tudo 100%. <fim do comentário inútil> |
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Já Sabe, Né?
A busca não é dificil quando se sabe o que quer. Agora só falta conseguir. Sou meu próprio maharishi absorvendo os ensinamentos dos que considero grandes maratmas. Ta Mo subiu na montanha para observar os movimentos dos animais em seus ataques e defesas e desenvolveu uma adaptação deles para se defender. Como o velho monge, observo os desafios e adapto suas movimentações para as minhas atitudes para assim vencê-los. A concretização da busca se inicia na quinta-feira. Estou seguindo bem o caminho. |
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Para Tatá
GILMARLEY SONG (Kid Abelha) Bomba, avião, helicóptero para ocupar território e deixar ao deus-dará outras tragédias não soam outras tragédias não soam barulho...barulho... muito barulho por nada por nada no futuro vamos falar mais baixo vamos parar pra escutar uma barriga roncando uma mamãe chorando vamos ouvir a noite cair e o sol ajudá-la a se levantar bumbo, violão, pandeiro para animar o auditório e ir pra casa em paz e feliz outra beleza não há outra beleza não há silêncio! silêncio! façam silêncio ouçam Gilmarley cantar vamos falar mais baixo vamos parar pra escutar o bum-bum do tambor um abacateiro em flor vamos fugir da solidão gandaia, realce, reggae e baião outra beleza não há... ... Minha felicidade me ofende e me impede de ir vê-la agora. Mas não deixarei de dar o colo que quero dividir. Só preciso de tempo para ser forte. Algumas coisas precisam ser feitas com muita delicadeza e eu não quero aumentar nenhuma dor. Compartilharei a minha esperança. |
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Sensual é o Detalhe
Não consigo entender o que vêem no clip Dirrty da Cristina Aguilera além de vulgaridade, sujeira e um humor muito precário. Sim, pois para mim não há o que explique um alterofilista com a cabeça de uma fantasia de cachorro do nível daqueles Mickeys do Parque da Cidade a não ser uma piada de muito mal gosto. Roupas mínimas e uma esfregação forçada, além de uma cara que não convence não pode parecer tão atraente assim. Tem que ter algo de muito errado nos valores das pessoas para que algo assim desperte os sentidos. Mas espere aí, do que é que estou falando? Isso mesmo, porque sensualidade para mim tem a ver com o prazer que se desperta em instigar os sentidos, seja ele qual for, provocando o desejo de querer aquilo para si. O escraxo, a falta de bom gosto, coisas baixas e ordinárias me causam desprezo, quando não pena por tanta falta de amor próprio. Alimenta a fome aquilo que é sugerido, delicado, a sutileza de um sabor lânguido que desliza por qualquer um dos cinco sentidos de forma lenta e convidativa, mas que respeita sua vontade de dizer sim mesmo que não prove num primeiro momento, para deixar arrebatação consumir todos os poros depois de um momento de quase catarse por se ter desejado com tanta força por tanto tempo o objeto do desejo. Se fosse para dar um exemplo visual, em contraposição ao infame clip da citada no início do texto, diria que Criminal, da Fiona Apple, preenche bem os requisitos. A história que se passa num quarto (de motel?) onde vários corpos sonolentos estão amontoados, sugerindo um pós-orgia com aquele olhar blasê de quem "faria tudo de novo" em contra partida com a culpa que a letra cantada despeja sobre o espectador entre peles insinuantes e não mostradas derradeiramente é muito mais interessante e envolvente do que algo de fato. São os "detalhes tão pequenos" que colorem a vida. |
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Meiguice Estratosférica
E sabe o que mais? Ando muito sociável esses dias. Não que eu seja antipática, mas é meio que uma unanimidade dizerem que tenho um ar assim de "eu-não-preciso-de-ninguém", o que, acredito eu, faz as pessoas ficarem meio intimidadas e não se aproximarem muito. Mas sei lá porque ando dando com uns muito enturmados por aí. Por exemplo, é coisa rara uma pessoa puxar conversa comigo em elevador, e só hoje isso já aconteceu 4 vezes. Assim, do nada, e nem estou falando de elevador do prédio (onde isso acontece por pressão social), mas de umas coisas nada a ver, tipo elevador de shopping ou consultório médico. Ando até conversando com a violetinha que ganhei, a simpática mais nova moradora da minha janela, que anda despertando os ciúmes de uma tal gata preta aqui de casa. E olha que não gosto de plantas, mas estou empolgada em cuidar dessa criaturinha e fazer ela mais bela. Ok, percebam o grau de glicose da ultima frase e vocês terão noção do que estou falando. |
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O Buraco Onde Fui Parar
Primeiro, eu ouço um dos fotógrafos dizer que não pode tomar Viagra porque o nariz dele sangra na hora do "vamos ver". Agora, passando pelo Comitê de Impressa, vejo um pôster da Kelly Key segurando uma camisinha. Ê laiá... Assim não pode, assim não dá! |
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Da Série: Eu Sou Uma Pessoa Neurótica e Anormal
Li uma vez que quando uma pessoa está tendo um ataque fulminante de aneurisma cerebral ela sente cheiro de queimado, sendo que, obviamente, não há nada queimando por perto. Por causa disso, toda vez que sinto cheiro de queimado, por um milésimo de segundo, eu sempre penso na possibilidade de eu estar tendo uma ruptura no coco. O problema é: estou sentindo cheiro de incenso neste exato momento. Será uma versão chique e romantizada do fato acima ou eu que atingi o nirvana em estado consciente? |
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Onde Estás, Meu Poeta? - ou- Ardente Paciência
O Carteiro e o Poeta despedaçou meu coração hoje. "Quando o senhor foi embora, pensei que tivesse levado todas as coisas belas da ilha, mas agora percebi que deixou algo para mim". |
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Foscinídeo É Isso Aí
Ah, eu ia contar como acabei virando repórter da Globo por um dia e que vocês até poderiam ter o prazer de ver a minha mãozinha e talvez ouvir minha voz de taquara rachada na tv, mas como já disse uma vez, não tenho competência suficiente para contar momentos bizarros da minha vida à la Snatch - Porcos e Diamantes. Só devo dizer que não ganhei nada por isso e que desejo que uma verruga bem cabeluda apareça no nariz dos respectivos fotógrafos da ISTOÉ e da Folha de São Paulo que quase me mataram esmagada. É isso. |
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Ethanatos
Estudos feitos sobre os primórdios da nossa civilização relacionam o aparecimento da angústia metafísicas do homem ao registro dos sinais do culto aos mortos. Portanto a morte se apresenta desde o início como uma fronteira, o limiar de uma realidade instigante porque inteligível, além de atemorizadora. Porém, no mundo tribal a morte não é propriamente um problema. Ela não é enfocada do ponto de vista da morte do indivíduo, mas se acha integrada nas práticas coletivas de culto aos mortos, aos ancestrais. Isso porque o homem primitivo não tinha o centro em si mesmo, o seu ser se faz por meio da participação do coletivo. Para eles, o morto apenas muda de estado e passa a pertencer à comunidade dos mortos, que pode voltar ao mundo dos vivos por meio de aparições em sonhos. Nas sociedades tradicionais o homem é inserido numa sociedade relacional, onde o indivíduo se encontra inserido numa totalidade mais importante que ele, há uma série de cerimônias e rituais que cercam o evento da morte. É aí onde acontece o famoso "beber o morto", onde o caixão é colocado na mesa de jantar e diante dele parentes, amigos e desconhecidos celebraram a "passagem", incluindo as crianças, que não são excluídas do ritual. Existe o luto e geralmente o moribundo (antes de morrer, lógico) tem a companhia de amigos e familiares na sua agonia, que é passada em casa. Hoje em dia os velórios acontecem geralmente nos necrotérios para onde não se levam as crianças. Para falar a verdade, o tema não é discutido com elas, e inventa-se todo tipo de desculpa para não dizer que a pessoa querida se foi. O paciente terminal passa seus ultimos momentos de vida numa cama de hospital, dentro de uma sala fria e conectados a ele estão muitos fios e tubos. Roberto da Matta (antropólogo brasileiro, muito prazer) lembra do fato dos mortos serem colocados em caixões acolchoados de cetim que lembram uma cama confortável, sem contar que muitas vezes são maquiados também: "O que seria tudo isso, senão um modo radical de livrar-se do morto, transformando-o em alguém que realmente dá a impressão de repousar?" Para muitos essa é a explicação da morte ser um tabu hoje em dia. Não sei se isso influencia no medo que tenho dela, mas acho que no meu caso outros fatores contribuem para isso. Primeiro que não acredito em deus, e, consequentemente, na existência de uma alma e um céu para onde se vai depois. E a idéia de que a minha consciência simplesmente vai deixar de existir não é a nada agradável. Mas acho que fortalece muito essa fobia também algo que percebi já tem um tempinho: eu tenho uma dificuldade enorme de dizer adeus. |
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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com