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O Ataque de Armas Biológicas Naturais
Logo no início da tarde, um odor não muito agradável podia ser percebido na Agência. Contudo, foi somente após um dos repórteres ter se aproximado do filtro que os mistérios da (não tão) inócua fragrância começaram a ser revelados: - Que porra de gosma nojenta é essa aqui no bebedor? A faxineira foi chamada. Quando ela tirou aquela gradinha que fica em baixo das torneirinhas, todos os segredos vieram por terra: algum cidadão deu uma generosa gofada no filtro. Imagine por favor o aroma que se desprendeu do recipiente. Foi uma correria. "Taquem um bocado de Veja aí", "Arrumem um incinerador", "Instaurem um processo de demissão por justa causa", diziam alguns. O chefe de redação, um fotógrafo e 2 repórteres experimentaram do líquido, mesmo com a expeculação de que poderia ser um ataque terrorista para contaminar biologicamente a Agência. Ouve inclusive algumas teorias físicas para tentar estabelecer a trajetória do regurgito, para saber se ela teria atingido a torneirinha, podendo infectar todos os que entraram em contato com a água. Nenhuma morte ainda foi anunciada. Aguardem mais informações até o fechamento dessa edição. |
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Utile Futile
Tá foda. Vai ver são as provas, vai ver é a correria, ou então a indecisão da minha monografia. Portanto, já que meu cérebro se nega a produzir algum texto que preste, me restrijo a dizer que agora eu tenho uma franjinha fashion (ui!), que nem a das atrizes globais. Sabe aquelas assim, jogadinhas de lado por cima do olho? Pois é. Um luxo! ... Eu espero do fundo do coração que a ironia do post seja percebida, embora eu realmente tenha uma franjinha fashion agora. Enfim. |
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Ta-daaan!
Depois de muita oração, praga, pensamento positivo e encheção de saco, o menino Lucas finalmente botou o blog no ar. Antes ele postava aqui, mas isso foi a muito tempo atrás (embora até hoje fãs ensandecidas clamem pela sua presença no dito blog). Vai lá entupí-lo de amor porque ele é jóia. |
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Registro da Alma
Félix Nadar foi o grande retratista francês. O que me admira é que ele começou pelo jornalismo, fazendo folhetins e caricaturas. Engraçado é que na fotografia ele se afasta da zombaria e procura apenas a semelhança íntima. Captar a essência da pessoa e registrar o jeito de ser do retratado no papel. Um registro da identidade. Seus retratos não são satíricos, não são "caras". Seus melhores retratos são os das pessoas que ele melhor conheceu, pois assim poderia captar mais precisamente o psicológico dos modelos. Com raras exceções, ele os fotografou isoladamente, quase sem decoração. Os rostos moravam nele. Respeitoso, púdico, ele não procurava cercá-los, nem fazê-los confessar o inconfessável. Com um simples olhar ele adivinhava os rostos, não fazia nenhum retoque. Veja Nadar aqui e aqui. Eu quero uma máquina profissional, ai ai... |
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Um dia Perfeito
Começa com você chegando em casa às 3h00 da manhã depois de se divertir muito. Depois você almoça um maravilhoso, tenro e lânguido bobó de camarão. Daí você vai à uma feira e compra um monte de coisas bacanas. Então você chega em casa e conversa com um amigo distante. No final da tarde, você assiste um video com um grupo querido de amigos e vai dormir depois de assistir o Oscar. ... Simplicidade. Era disso que eu precisava. |
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R.G
Christiane, 21 anos. Dorme de meia nos pés em noites frias. Falta-lhe um par de pés quentinhos que faça o favor de aquecê-los. Se estressa fácil, muito fácil, e o sarcasmo é a sua mais eficiente arma. Até mesmo quando não quer usá-la. Detesta usar óculos, mas tem preguiça de colocar as lentes. 1 gata. Quando confiante, domina o ambiente. Pelo menos é o que dizem as más (e boas) línguas. Faz beicinho quando quer alguma coisa. Atéia não por opção, mas por falta de fé. Porém, boa parte de seus problemas estariam resolvidos se acreditasse. Não consegue dormir se não ficar esfregando os pés um no outro. Sente ferozes prazeres com pequenas coisas. Comendo, por exemplo. E não veja isso de maneira simplista, como mera gula. Isso é algo que só pode ser entendido quando a vê comendo. Tem uma pinta no indicador da mão esquerda. Não entende porque ao mesmo tempo que dizem que tem o cenho sério de quem eu-não-preciso-de-ninguém lhe dão coisinhas mimosas porque são "a sua cara". Chora em filmes que tocam seu coração, mas ergue o peito quando são rudes com ela sem razão. Acredita que no final tudo vai dar certo. Acredita piamente nisso. Tem uma meia-dúzia de desafetos que mesmo depois de tudo a consideram especial. Quando se empolga, não pára nunca de falar. Do contrário, cala-se. Aprendeu a gostar de pamonha (mas só de sal). Gosta de dar pequenos apertos nas pessoas muito queridas. É como um bichinho no sol da manhã, se espreguiça toda e geme baixinho ao acordar. Tem mania de morder os lábios quando está muito anciosa. Não pára um minuto de mecher no cabelo. Precisa de estabilidade para se sentir bem. É uma completa psicossomática e tem certeza que terá uma úlcera por causa disso até os 30 anos. Dando lá os seus tropeços, mas sempre levantando. |
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Circo Eletrônico
Enquanto isso, engolimos simulacros de realidade. Não se engane, o que você vê por uma tela de tv nunca poderá ser chamado de contato com o real. Sâo apenas pilulas de carnificina estilizadas para dessensibilizar as pessoas. Promover a crudelização da humanidade para embrenharmos cada vez mais na alienação sugerida por Marx. Até chegarmos à separação total, não só dos meios de produção. Até nos divorciarmos de nós mesmos e esquecermos que não somos coisas, mas sim, humanos. |
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Dança da Desilusão
Estava tudo bem demais, então eu tinha que complicar. O fato é que na reta final, quando já não é mais hora pra dar piti, entrei numa crise profunda com relação ao jornalismo. Não ando vendo muitos horizontes nem me sentindo estimulada a seguir em frente. Não é que a profissão não seja inspiradora, pois é, mas não está dando para ninguém. Petrificada, é como me sinto. Estou entre a cruz e a espada. Pior de tudo é que seria doloroso pra mim largar o jornalismo. Essa cachaça maldita... Vicia a gente e por mais que faça mal não se tem vontade de largar. Droga... Amo essa profissão também. Não posso perder tempo. A vida, assim como a notícia, não pode esperar. |
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Verdade Seja Dita
MENINA VENENO (Ritchie) Meia noite no meu quarto ela vai subir Ouço passos na escada vejo a porta abrir Um abajur cor de carne um lençol azul Cortinas de seda o seu corpo nu Menina veneno o mundo é pequeno demais pra nós dois Em toda cama que eu durmo só dá você Só dá você Só dá você iê iê iê iêê Seus olhos verdes no espelho brilham para mim Seu corpo inteiro é um prazer do princípio ao fim Sozinho no meu quarto eu acordo sem você Fico falando com as paredes até anoitecer Menina Veneno você tem um jeito sereno de ser E toda noite no meu quarto vem me entorpecer Me entorpecer Me entorpecer iê iê iê iêê Menina veneno o mundo é pequeno demais pra nós dois Em toda cama que eu durmo só dá você Só dá você Só dá você iê iê iê iêê Meia noite no meu quarto ela vai surgir Ouço os passos na escada eu vejo a porta abrir Você vem não sei de onde eu sei vem me amar Eu nem sei qual o seu nome mas nem preciso chamar Menina veneno você tem um jeito sereno de ser E toda noite no meu quarto vem me entorpecer Me entorpecer Me entorpecer iê iê iê iêê ... É uma piada interna. Vai se ferrar quem acha que estou falando de uma mulher |
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Escatologias Infames de um Cotidiano Redundantemente Banal
Tentando manter a pose com aquela toalha infame enrolada na cabeça, ela tenta inutilmente parecer interessante o decorrer dos seus dias. E não é que não tivessem sido, mas uma inexplicável paralisia tomava conta de seu cérebro quando tentava fazer isso. "Eu preciso fazer a resenha", ela repetia. Já se passara 3 horas noite adentro e ele ainda dizia a mesma coisa. Um sorriso cínico era formado pelos seus lábios. O que restava da sua precária dignidade foi pelo ralo quando em meio a tudo isso ouviu uma confissão horrivel, que abalaria todo seu contexto sobre si mesma. Acabara de ser informada que o que fez os sininhos de outrém tocar não foi a sua suposta beleza, inteligência e simpatia. O click fez-se quando ela falou de um desconhecido filme trash, daquele tipo z, que por coincidência era de conhecimento das borboletas habitantes da barriga alheia. Então ela lembrou de Macabéa, que era como o lodo que nasce no asfalto. "Muitos são como o lodo no asfalto", pensou. E percebeu que as pessoas gostam de ouvir discussões alheias, ver as desgraças dos outros porque isso às faz compreender que não são as únicas desiludidas no mundo, não são as únicas à beira da loucura. "A resenha, tenho que fazer a resenha", repetiu. Mas mesmo não sendo Macabéa e não sendo o lodo no asfalto ela teve sua hora da estrela. Os dedos se tornaram virtuosos e ela não conseguia parar de bater naquelas teclas. Tic tic tic, faziam as teclas. E tudo fez sentido, e a mente desanuviou. "As violetas não páram de dar flor. Despontam virtuosamente e outros botões vão se formando num ciclo sem fim!". Conseguira quebrar o chumbo envolta o do coração. Não, não estava triste, longe disso. O mundo fervilhava ao seu redor e ela não podia manifestar que vivia isso! Acontece que não conseguia dizer e finalmente disse. Paradoxalmente conseguiu dizer que não conseguia dizer nada. |
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Strike a Pose
A espetacularização da notícia, da justiça e até mesmo da morte. Qualquer vida ordinária pode se tornar interessante com um pouco de holofotes, paetês e o contexto certo. Assim é Chicago. O roteiro primorozo consegue superar algumas atuações canastronas, mas deve-se preparar para um musical. E musicais são musicais, sabe como é. < updating > A propósito: não foi em Chicago que o famoso Charles Foster Kane construiu um teatro para sua corista? < updating > |
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Inquebrantável
Não morri. Na falta de praia, acabei indo para o meu fatídico lugar-comum (leia-se, São Paulo). Foi bom, fiquei feliz e já estou de volta. A exposição dos guerreiros de Xi'An é linda, mas dizer que ela se resume às estátuas de terra-cota é simplório demais. Não consegui ver 4.48 Psicose, mas valeu a pena torrar debaixo daquele sol nas filas do Hopi Hari. Sorri como há tempos não fazia. Finalmente consegui comprar o chaveiro do Kero-chan que tanto queria, mas isso não vem ao caso agora. Estou adotando a política de não tocar o que posso quebrar. Não quero. |
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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com