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One Year of Real Slam
Nem só ao vento é permitido, ao final das contas, pelo infinito circular. Esse meu descaminho, que com tão pouca pretensão foi ficando, ficando, até tomar uma dimensão nunca esperada. É como aqueles (a)casos amorosos, desarvorados, que começam assim, meio loucos, meio desvairados e vai se tornando necessário, amor antigo, de chinelos velhos na varanda. Em um ano de literal e puro :: SLAM ::, acabo morando nos clichês e nos sensos comuns em dizer que a menina ainda dança, mas com certeza num compasso completamente diferente do que começou. É como dizem aqueles baianos: Jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos e pela lei natural dos encontros eu deixo e recebo um tanto no que fica em cada um, no que sigo o meu caminho. A flor de mandacarú, a força de Gally, a dança de Ganesha e o som do om. Abelha, carneirinho, acabou chorare. E é engraçado perceber que acaba que se diz muito melhor quando na verdade não se quer dizer. Mas não se preocupe, que sai pra lá esse navio sem rumo por (espero) mais um ano, que sem porta sempre aporta no óbvio da curiosidade. |
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Peste e Carestia³
Era uma vez, uma mocinha que há tempos tinha perdido o seu "muque do Popeye" devido a um mal que a acometia. Ela já havia subido a velha e desorganizada torre do boticário da vila para curar o seu flagelo (e realmente o fez), mas acontece que a pestilência acabava voltando. Então, uma vez um mago muito sábio lhe sugeriu que procurasse um fisiatra que, veja bem, é aquele que promove a saúde atravez da PREVENÇÃO da incapacidade física (detalhe para o termo incapacidade) e reabiltação de indivíduos incapacitados (note bem, note bem) por lesão. Então lá se foi a mocinha ao tal fisiatra achando que ele lhe passaria uma erva, um emplastro, um elixir ou algum tipo de rito periódico que ela fizesse para evitar de ter o malefício novamente. Porque, sim sim, a mocinha sabia que com os hábitos que ela tinha (e não havia como deixar de tê-los), os tratamentos eram sempre para acabar com o mal já instalado, mas sem efeito que o impedisse de voltar. Acontece que o fisiatra passou o mesmo tratamento dado pelo boticário da velha torre desorganizada, e ela ficou triste triste. Porque a mocinha sabia que iria novamente participar do verdadeiro experimento sociológico que é fazer fisioterapia, que ia prometer descrevê-lo novamente e não o cumpriria. Então a mocinha decidiu cortar o pobre bracinho que nem tão cedo ia ter o "muque do Popeye" e subiu no mais alto morro da vila para dar fim ao seu intento. Subiu que subiu o morro. Ofegante, a mocinha esbaforida já estava de serrote em punho, olhos fechados quando de repente... ping! Uma gotinha d'água caiu bem na ponta do seu nariz. E outra, e outra e milhares de novas gotinhas tomavam conta do seu rosto, até se tornar uma chuva torrencial. Eis que depois de três meses de secura finalmente chovia na vila, e a mocinha teve isso como um sinal. Decidiu então que iria percorrer até o mais longínquo reino, em algum lugar haveria de ter um alquimista que desse jeito na sua mazela. Cabe agora a você, caro leitor, esperar mais um episódio desta interminável odisséia. |
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Arquivos
Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com