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Pastiche ao Tempo
É da natureza desta cidade a frieza, mas também o descompasso entre encontros e desencontros. Três dias após o meu aniversário encontrei por acaso uma pessoa que estudou comigo em 94. Me reconheceu o rosto e o nome, e disse que estava igualzinha como na sexta série. Essa coincidência me fez pensar minha relação com o tempo, que é tão descompassada, trôpega e tão apaixonante. Nunca guardo datas, raramente telefones. Mas pergunte-me se lembro do cheiro da serra, dos Almanacões de Férias da Turma da Mônica em Ubatuba. Não havia férias sem aquelas histórias e passatempos. Lembro dos luares no porta-malas da Caravan cor de caramelo ao som de Leãozinho. De quando um gordinho desengonçado caiu sobre mim enquanto eu me sentia voando leve a patinar no gelo, e do olhar graúdo ao perguntar se aquelas belas unhas eram postiças. Me lembro do futuro que a gente combinou. Das viagens ao interior da França descritas em bilhetinhos de escola. Da gente se achando grande porque assistia Rush entre uma e outra tragada de cigarro. Na época da maldade acho que a gente nem tinha nascido. No fundo o tempo é uma eterna criança que não soube amadurecer. Eu posso, ele não. Vamos ver. |
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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com
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