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Na minha (pré)adolescência tive uma fase bem fetichista. Não um negócio super creepie (quer dizer, digam aí), mas assim como talvez os garotos eu curtia certas partes dos corpos masculinos. Tipo na sexta-série em que eu era completamente alucinada pela mão do Paulo. Eu nem chego a lembrar exatamente do rosto dele, mas poderia descrever com exatidão aquelas mãos (e cabelos) lindos.
Já tive isso por costas também. Na verdade devo dizer que costas eu reparo até hoje (rá). Mas essa história toda é para falar que pintas sempre tiveram um fascínio especial para mim. São como bandeiras que marcam pontos especiais a serem reparados naquele vasto mapa. Agrupadas ou separadas, pequeninas ou maiores, fazendo ou não desenhos, todas tem a sua graça. Dia desses passava (o lixoso) Querido John na TV. Com Channing Tatum descamisado e moreno de praia. Eis que, justamente por isso, em certo momento pula da tela aquele monte de pintas de sol nos ombros. Não faço mais nada da vida agora a não ser acelerar filmes do moço (porque assistir é meio difícil, convenhamos) atrás daquelas pintas. PS: Veia de Lutador dá pra ver bem também |
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Ainda não dou conta de falar da morte do Tomas (sim, na véspera do dia dos pais). Foram dias muito barra pesada. Ainda o são. Estou enlutada e não posso viver essa dor de maneira apropriada por causa do trabalho.
Passo os dias apática, confusa e tentando esconder de mim mesma uma saudade tão esmagadora que me impede de respirar. A verdade é que a falta dele está impregnada nesta casa como o cheiro de carniça que perfume nenhum disfarça.
Levei 1 semana para ter coragem de dormir na nossa cama. Ainda evito este lugar. O silêncio toda vez que abro a porta funciona como um tapa na cara que sei que vou levar por muito tempo ainda. Muita gente me diz para focar nas lembranças felizes. Heh, elas ferem bem mais - agora que ele não está aqui.
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Eu não tinha a menor dúvida de que essa história não ia dar certo. Acho que por isso enrolei este moço durante tantos anos. No fundo eu sabia que, sob uma lente de aumento, eu perceberia que ele é meio babaca e perderia a admiração. Obviamente manter a amizade se tornou impossível. Eu só queria um afternoon delight, minha gente. E ele nunca entenderia a piada, trouxa...
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O sumiço é porque estava trabalhando. E muito. Mas é
estranho como os sonhos nos enganam e as coisas possam se ajeitar se não formos
muito rígidos. Quando estudante de jornalismo, queria cobrir política e
trabalhar no Le Monde Diplomatique. Pois nunca fui tão infeliz como repórter
cobrindo o Congresso.
Ao invés de se mostrar um problema horrível, esta realidade
foi apenas uma porta para o que agora consome o meu tempo e me traz grande
satisfação: dar aulas. E alguma coisa devo estar fazendo certo, já que a primeira
turma para quem lecionei na vida se forma semana que vem e me convidou para ser
homenageada. O fato de eu ter um carinho especial por esses alunos só me deixa
mais orgulhosa e feliz.
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Um antigo prazer que pude voltar a curtir em Brasília foi o night drinving (ótima propaganda da Volks sobre). Na noite paulistana você nunca está descompanhado (9_9), sempre há pelo menos 6 carros ao seu redor a observar.
Para mim, há duas modalidades específicas que gosto muito: assim que saio da última aula do dia, por volta das 11h da noite, quando o corpo já está exausto mas eu ainda curto a excitação de lecionar. Dirijo tranquilamente para casa, ouvindo jazz e blues (rá, a ironia da vida) observando as luzes da cidade enquanto me preparo para receber o amor, o descanso e a trégua que tanto mereço. É preciso deixar registrado o caso de amor que ando desenvolvendo por Thelonious Monk.
Para mim, o night driving é um prazer basicamente solitário, como quando você dirige durante a viagem com todos dormindo. Há apenas você, a música, a arquitetura e a natureza. E Brasília tem essa beleza Aeon Flux que me agrada tanto... É aí que entra a outra modalidade: A da direção da alta madrugada, quando provavelmente estou voltando da acabação. A cidade está quase deserta e posso me deixar levar pela velocidade, pelo fim do álcool, pela noite e pela possibilidade do carro ao lado no semáforo flagrar um amasso ou me ver dançando ao som de uma música alta demais.
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Arquivos
Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com