9:37 PM
Imago

Assim como para o Eduardo, eu careço de uma religião. Deste modo eu poderia pedir ao meu anjo da guarda para me ajudar e poderia acender uma vela para o meu orixá também. Só que a minha condição de atéia me impede de fazer isso da mesma maneira.

Sempre acreditei que deus se fazia perceber às pessoas pela boa providência que ele desencadeava na vida delas. Na bíblia mesmo há bons exemplos disso. Contudo, não há nada, passagem alguma em minha vida na qual algo extraordinário tenha acontecido que não fosse pelo esforço humano. Não é que não tenha tido coisas boas, pelo contrário, mas não há nada que se possa atribuir a uma causa sobrenatural, feita não por mãos humanas.

Sou como Antígona ou qualquer outro personagem de uma tragédia grega (e o termo aqui deve ser entendido unicamente pelo seu aspecto teatral, e não de acontecimento funesto) que faz valer o seu destino por sua própria habilidade. É o que está acontecendo agora, mais uma vez. Eu caio e me levanto. Sempre. Lembra?

Mas hoje eu pensei que talvez ele se manifeste pela má providência. E uma vez escrevi não de forma clara que este era um diário de esperança. Agora estou cansada de esperar. Mas o senhor ainda está aí (não está?) e se for assim a sua astúcia é infinita. Talvez você tenha usado o fim da minha esperança para conquistar o meu reconhecimento.

E eu só tenho um pedido: Querido deus, me esqueça. Cuide dela, mas me deixe em paz. Para sempre.

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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com

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