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Resumo da existência
Acho que estou ficando alérgica às lentes de contato. O cabelo cresce, as unhas não. Tem uma semana que eu só almoço sanduíche de presunto. Os pesadelos passaram e agora só sonho com sexo vulgar e sujo (sexo vulgar e sujo é uma expressão bacana, diga). A dissertação começa a pegar fogo. Só filme lixo na tv nos últimos dias. Por fim, meu único consolo é saber que Sorel morrerá no fim do livro. Adendo: Enquanto todos ouviam Nirvana e se achavam super grunge, eu idolatrava Ace of Base. Luxo. |
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As pernas de Calvino
Italo Calvino realmente escreveu sobre todas as coisas. Todas as coisas que pensei, senti e gostaria de ter dito. Entre as aventuras de Amilcare¹ eis que de repente ele percebe: "Mas o mundo mais novo que os óculos abriam para ele era o da noite (...) O bonito da noite, porém, era aquela margem de indeterminação que as lentes afugentavam à luz do dia, e que permanecia". Além de todas as descrições sobre os problemas de identidade que um óculos pode trazer e que eu conheço muito bem. O meu guizzo pode ser encontrado aqui. ¹ CALVINO, Italo. Os amores difíceis. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. |
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Eu podia estar calada, mas né?
"Eu respeito quem é vegetariano porque não gosta de carne. Eu respeito um pouco menos quem acha que faz mal à saúde (aquele papo de que não fomos feitos pra digerir carne, etc...mó balela). Eu respeito menos ainda quem não come por questões cármicas, as más energias e a putaqueopariu. Mas, vocês vão me desculpar, eu não respeito nem um pouco aquele papo de animals are friends, not food. Perdão, mas animals are food to me!", daqui. É preciso dizer que sou sim contra o modo cruel como são mortos e me preocupo em usar produtos que não fazem testes com animais. Já deixei de usar vários por isso. Agora, o meu endosso à condenar alguns motivos que levam pessoas a justificar o vegetarianismo é o radicalismo. Eu me pergunto se eles têm a mesma preocupação em saber em quê condições a soja que tanto consomem foi produzida, se é trangênica, se conhece os inúmeros dados que atestam boa parte do desmatamento do Pantanal e (recentemente) da Amazônia pro plantio dela etc. Fora isso, na segunda-feira jantava com dois médicos e um deles era ovolactovegetariano. Quando perguntado (pelo outro médico) se isso não afetava o humor, causando apatia, o veggie ficou calado. E sobre essa história de animals are friends, not food, para mim é um pouco a questão tratada n'O Homem Urso e no Marcovaldo. O estado de Pancália que a humanidade prega é irreal e na verdade nunca existiu. |
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Mimi taxi "Em Brasília é assim: ou você se ama ou você se odeia. Mas, na verdade, tanto faz. Você vai ser a sua única companhia, na maior parte do tempo", dele. Quanto a mim, não há nada melhor do que ao voltar para casa de madrugada, longe do burburinho e das pessoas queridas, dirigir sozinha pelo Eixão deserto. |
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A palavra e as coisas
Muito interessante ver como Herzog mostra as significações em O Homem Urso. Timothy Treadwell busca o devir de Deleuze, aquilo que não tem forma no seu mundo (o mundo civilizado). Ele se aproxima/encanta dessa potência chamada "urso" que para ele ainda não tem forma. Mas isso é uma troca e do mesmo modo como ele vai adquirindo uma nova forma (o cheiro, a aceitação dos animais) os ursos, para Tim, tomam uma forma humana. Mas não uma forma humana qualquer e sim uma forma infantilizada, o urso bom, um Teddy Bear. A luta entre machos é descrita por ele mais como uma partida de futebol americano que a violenta batalha para definir o macho dominante. É possível que num certo momento Tim tenha percebido que o seu devir era impossível, mas a existência passada (na civilização) era insustentável. Enfim... É um lindo (e horrorosamente tenso) filme sobre a busca mais profunda por si mesmo. Nota mental de variações sobre o mesmo tema: - O Rastro dos Cantos - Bruce Chatwin - Walden - Henry David Thoreau - Marcovaldo - Italo Calvino (sempre ele, ai ai) |
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Ai
Que saco. QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO QUE SACO. |
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Hollerite?
Eu ia falar mal denovo dos hábitos paulistanos, mas basta dizer que nessa segunda-feira estava a maior histeria no aeroporto por conta de suposto atentado a bomba do PCC e que eu passei DUAS HORAS esperando um taxi num frio do caralho. E não, eu não discuto política, teorias conspiratórias e abstinência sexual desde que cobri o Congresso. Basta. |
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Agora que já passou todo o alvoroço sinto-me confortável para falar sobre o Katrina. O problema, para mim, é que Nova Orleans não existe mais e não voltará a existir. Ela era a única cidade dos EUA que eu desejava guturalmente conhecer. Pelo jazz, pela colonização francesa, pela literatura e por uma série de meios que ela sempre esteve presente em minha vida, Nova Orleans era para mim como o que Calvino diz em As Cidades Invisíveis: a terra prometida visitada pela imaginação mas ainda não conhecida ou fundada. Por sobre ela nascerá uma outra coisa, que provavelmente viverá do desastre. Para mim, o Katrina ajudou a ruir o império de Khan. |
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Notas sobre o carnaval
- Passar o feriado em São Paulo é isso: ir ao cinema 572 vezes na sessão dos aposentados, afofar o gato-russo e faxinar a casa loucamente - O que foi a programação de terça-feira da Mtv à la roqueiro-corno, passando de More than words a Wind of change com um vasto repertório do Bon Jovi? Acho justo. - Eu juro que tentei ser uma pessoa saudável, mas COMO ASSIM O RESTAURANTE VEGETARIANO FECHA O FERIADO INTEIRO? Só me restou o Mc Donald's. - Meu ombro dói loucamente de um modo muito estranho. Se for a tendinite se espalhando eu me suicido. |
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Mas o natal foi legal
O ano novo? Pois é, né? Então... Comi todas as comidas e virei uma baleia gorda e sem viço. E comi todos os carocinhos de romã que têm de pôr na carteira, que eu não tenho desde que fui assaltada-roubada-furtada. Meu ano novo nem pareceu ano novo: estava numa festinha de gente que tem o mesmo mood D. Florentina (piada interna), na beira do Lago, ótimo local para uma trepada, e eu cercada por pessoas de 70 anos. Foi muito divertido. |
Arquivos
Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com