|
|
Quando se implanta um aparelho elétrico no corpo há várias etapas a serem cumpridas. Primeira, claro, não morrer durante a cirurgia. Daí vem o risco de infecção, do corpo rejeitar o negócio, ficar paralítica ou simplesmente o bagulho não ligar. Tudo dando certo você avisa geral que tá tudo bem na Dinamarca ê final feliz. A segunda etapa é aquela que você não compartilha. Onde você volta pra casa com 57 pontos embaixo de um curativo que, aliás, lhe causa queimadura de contato. E basicamente você não pode mexer o tronco e recebe a recomendação de que não pode molhar a parada. Ah, meus amigos. Tem aí início a verdadeira batalha. Porque eu e minha mãe (que virou uma espécie de ama-seca que me veste, calça etc) nos tornamos completamente obssessivas em fazer uma verdadeira muralha de Jericó entre o tegaderm e a água. Porque né, nos primeiros banhos infiltrava um pouquinho. Na versão atual eu pareço algo como uma múmia enrolada em plástico e micropore andando em direção ao chuveiro. Usamos 3 tipos de esparadrapos diferentes, pra se ter uma idéia. Nunca marquei quanto tempo dura o processo de mumificação, mas eu estou cansada antes mesmo de entrar no box. Minha meta é enviar uma cabeça de cavalo para o médico ficar certo em tirar meus pontos no dia 3 de janeiro. |
|
|
|
Nau bojuda arrumou uma infecção urinária bem na véspera de coisas muito importantes serem feitas/decididas. E eu sofro, né? Porque se for agoniento e dolorido que nem na gente depois de uma noite avec rude boy... Tadinho. Tá tomando só antibiótico tem 1 semana, já que a insuficiência renal não o torna capaz de filtrar o anti-inflamatório. Eu achei que tava melhorando muito devagar, então entramos com uma homeopatia e aumentamos o soro. E até hoje nada de conseguir repetir os exames...
PS: Deveria me envergonhar disso, mas o Pirilampo tem uma tosse nervosa que eu acho fofa Acompanhe minha saga da insuficiência renal felina: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 |
|
Sempre tive uma relação imaginária muito intensa com certos lugares do mundo. Tudo começou com a Itália. Quer dizer, tudo começou com Florença, os Médici e o renascimento. A coisa pegou quando, pouco tempo depois, me apaixonei por um milanês. Depois veio a França e é tanta coisa que nem dá conta.
Mas é engraçado que justo agora me lembrei que meu lance com a França é muito mais antigo. Quando eu tinha uns 8 anos minha melhor amiga (que foi amamentada pela minha mãe, perceba) foi morar lá porque a mãe dela ia fazer um doutorado. Foi minha 1° experiência de solidão e profunda saudade. Quase 20 anos depois era eu querendo estudar por lá... Acontece que a vida foi, lentamente, minando todos os meus idílicos lugares do mundo. Começou com o Katrina e nunca mais parou. Melhor seria se fosse sempre a potência da natureza devastando tudo. Não se acabaram todos, veja. Mas ficou o medo, né? E daí que esse ano eu li um livro. E tenho certeza absoluta que vai ser para sempre a coisa mais linda e maravilhosa já feita por toda a humanidade. Tem mais de mês que enrolo pra não chegar ao fim e quase comprei outra edição ontem na livraria porque agora quero ler todas as traduções possíveis. Quero ler o original. Quero ler poesia por ele. E então ficou combinado que esta é a relação imaginária absoluta com um lugar do mundo. Que eu evito evocar o nome pra não agourar. E porque os segredos são mais doces. E se tem uma meta absoluta em minha vida agora é um dia ir para lá. |
|
Minha vida é um filminho cretino cheio de plot twist do mal quando você acha que as coisas finalmente vão dar certo
PS: Tolinhos. Já falei do meu talento pra autocomiseração aqui. Acontece que eu tenho um mantra. E se ele fosse traduzido como a música que sobe nos créditos finais do meu filminho, com certeza seria esta aqui
|
|
|
|
|
"O amador que volta para casa com inúmeras fotografias não é mais sério que o caçador, regressando do campo com massas de animais abatidos que só têm valor para o comerciante. Na verdade, não está longe o dia em que haverá mais folhas ilustradas que lojas vendendo caças ou aves".
Me intriga sobremaneira como se possa passar anos convivendo com uma pessoa sem se observar o óbvio. Há 2 anos que meu doutorado é sobre imagens fotográficas e você achando que eu não me interesso por fotografia. Obs :Achei esse rascunho não publicado que estava armazenado há bastante tempo no painel do blogger. Gosto de dizer as coisas quando elas já ressignificam outras nada a ver
|
|
Quando eu era uma moça ingênua e sem repertório li O Nome da Rosa e foi como se fosse a oitava maravilha do mundo. De modos que durante muito tempo meu sonho de jovem jornalista era entrevistar Umberto Eco. Mas aí os anos passaram e eu descobri que ele não era nem um gênio literário nem da semiótica (isso não é uma crítica). Mas o mundo é um moinho mesmo e dia desses ele cagou bem cagadinho na minha cabeça e me ensinou a estudar. Ah Umberto, se eu tivesse conhecido esta faceta sua 15 anos atrás...
|
|
|
Há um ano mais ou menos eu fui chamada pra intermediar uma briga irremediável. Era a separação das mais improváveis e também impossível de ser colada de volta. Aí exatamente hoje, quando estava aqui elucubrando sobre compaixão, sobre o limite da importância, do querer bem mesmo quando isso parece impossível, eu recebi o telefonema mais inimaginável. Pedindo que eu intervisse pelo bem-estar do desafeto. Há esperança no mundo, né? Aliás esse é o parâmetro, acho. Quando se tem que medir o que quer que seja, né? Se quando a coisa pega, se na situação limite, você se move em direção ao outro.
|
|
|
Tenho chorado de tanta dor. E quer saber o pior? nem chorar direito eu consigo, porque dói.
Update: Como o aumento da dor foi muito gradativo, eu não tinha a mínima noção do quanto ela afetava a minha vida até a 1° cirurgia. Mas agora, lendo os arquivos do blog, está tudo ali. Crescendo silenciosamente. Só eu que não via. |
Arquivos
Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com