8:43 PM
Porque eu preciso contar, né? Que as aplicações de soro têm sido um sucesso! Quer dizer... Depois do fiasco daquela vez, só o fato de conseguir introduzir a agulha já é um puta avanço. Mas foi assim: acordei cedo pra fazer a aplicação. Queria aproveitar a claridade pra enxergar melhor e, caso desse errado, teria muito tempo pra lhe fazer companhia e me sentir miserável antes de deixá-lo sozinho pra ir almoçar. Sem contar que quase não dormi e queria resolver logo isso pra não ficar me torturando durante mais tempo.

Cagona que sou, tive que usar um atalho. É que o Fiso-frito não é exatamente aquele tipo de gato que você põe no colo e ele derrete. Deixá-lo parado seria um problema e eu não queria ficar mais nervosa do que estava lutando com ele (eu faço as aplicações sem ninguém pra ajudar). Então dei uma carninha pra ele comer e ficar entretido enquanto furava suas costas. Furei e o gato não pareceu sentir dor, mas também não foi como se não sentisse. Na hora da picada ele olhou pra trás e contraiu a pele, mas voltou a comer.

Acontece que eu, em pânico, não queria nem encostar no gato com medo de todo tipo de catástrofe que é possível pensar quando se tem gatos, agulhas e nenhuma perícia envolvida. E eu calculei mal a quantidade de patê, então em menos de 2 minutos ele encheu o bucho e saltou da mesa, fazendo o soro esguichar pra todo lado e sem receber a quantidade devida...

O mais importante (e só depois eu pude perceber) é que depois da aplicação ele não teve medo de mim, não ficou magoado nem passou o resto do dia debaixo da cama. E compreendi que a minha maior preocupação era que ele achasse que eu estava lhe fazendo algum mal. Como isso não aconteceu estou confiante que amanhã conseguirei aplicar o que ficou faltando. A ver.

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Christiane, 32 anos. Brasiliense. slamgirl[at]hotmail.com

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